António Rosa Mendes relembrado com uma década de saudade

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“Saudade” foi a palavra que marcou a sessão

O professor universitário e político vilarrealense António Rosa Mendes foi recordado com muita saudade na sexta-feira, dia 29 de setembro, durante uma sessão que decorreu no Arquivo Histórico batizado com o seu nome, em Vila Real de Santo António. Durante a iniciativa, que juntou familiares, amigos, ex-alunos e admiradores, a autarquia revelou que o Prémio Nacional António Rosa Mendes estará de volta no próximo ano.

“Saudade” foi a palavra que marcou a sessão incluída no ciclo “Arquivo entre Histórias”, durante cerca de duas horas, numa sala onde estavam presentes alguns dos seus livros e objetos pessoais em exposição.

O colaborador do JA, Neto Gomes, ficou a cargo de moderar e sessão e inaugurá-la, que destacou o “carácter humanista” de António Rosa Mendes, considerado também como “um professor único”.

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Já Fernando Cabrita disse ter atualmente “uma relação de saudade” com António Rosa Mendes, recordando ainda que o historiador constituiu a primeira equipa universitária de estudantes de património da Universidade do Algarve.

Marco Sousa Santos, ex-aluno de António Rosa Mendes, relembra o professor e a sua ligação académica e profissional que manteve durante vários anos, além da gratidão “a vários níveis”.

“Uma das coisas que me ensinou logo foi a pensar de modo crítico”, acrescenta.

A diretora do JA, Luísa Travassos, relembrou “a vida” passada ao lado de António Rosa Mendes e de Fernando Reis, ex-diretor da publicação regional que faleceu em 2021.

“Fundámos uma associação de defesa de património e o Rosa Mendes foi um fervoroso colaborador. Trabalhámos juntos na escola e no jornal, viajámos e fizemos as nossas jantaradas. Não há palavras para descrever Rosa Mendes. É uma figura ímpar. Fazia uma dupla muito interessante com Fernando Reis”, recorda.

Luísa Travassos considera ainda que o professor “era como um irmão” e de quem sente “uma saudade profunda”.

Outra ex-aluna, Andreia Fidalgo reconhece que é graças a Rosa Mendes que a investigadora e outros estudantes “ganharam gosto por estudar a história do Algarve”, tendo criado esse mestrado na Universidade do Algarve, já infelizmente extinto.

José Cruz, também colaborador do JA, recorda António Rosa Mendes como “um brilhantíssimo orador”, que “tinha fortes convicções políticas, especialmente sobre a questão da regionalização”, além de ser “um adepto fervoroso do municipalismo”.

“Rosa Mendes fazia a história que os outros tinham medo de fazer”, refere.

Outro ex-aluno, Fernando Pessanha, visivelmente emocionado, relembrou o seu antigo professor: “Ficaram muitas coisas por dizer. Ficaram muitos abraços por dar, muitos copos por beber”.

“A sua dimensão humana acompanhava os seus alunos para além da sala de aula. Acompanhava-nos na nossa vida pessoal”, acrescenta.

Por fim, a sua esposa, Lourdes Rosa Mendes, agradeceu “a homenagem prestada e o reconhecimento pelo contributo e a dedicação de uma vida ao ensino, à investigação, à cultura e, sobretudo, ao Algarve”.

António Rosa Mendes foi professor na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais na Universidade do Algarve, lecionou disciplinas de História da Cultura, História do Algarve e Direito do Património Cultural.

Foi ainda diretor da Biblioteca da mesma universidade e coordenou o curso de mestrado em História do Algarve, além de responsável pelo Centro de Estudos de Património e História do Algarve.

Natural de Vila Nova de Cacela, estudou em Faro e licenciou-se em História e em Direito. Mestre e Doutor em História, António Rosa Mendes, em 2005 foi presidente de “Faro, Capital Nacional da Cultura”.

Prémio Nacional regressa em 2024

Fernando Horta garantiu aos presentes o retomar do Prémio Nacional António Rosa Mendes para o ano de 2024, da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, que foi interrompido devido à “autarquia não ter condições” para continuar com a iniciativa.

O vereador da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António com o pelouro do Património Material e Imaterial disse que António Rosa Mendes era “um homem democrata, de grandes convicções, participativo na comunidade vilarrealense e do Algarve”.

Objetos e acervo em exposição

O Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes tem agora patente uma exposição com vários objetos e obras publicadas do professor vilarrealense, que podem ser vistas no primeiro andar do edifício.

O professor Mário Sousa sugeriu na sessão que “se deveria fazer um levantamento da extensa obra histórica e literária” de António Rosa Mendes, com obra publicada e também não editada.

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