Por vezes sonho com a minha morte.
Imagino múltiplos cenários que a vivência médica me permitiu conhecer.
E são tantos e tão díspares.
É por isso que em certas noites acordo com medo.
E aprendi quanto esse sofrimento chega a ser palpável por essas camas dos nossos hospitais. Porém o negrume impede que chegue aos olhos e aos ouvidos dos outros a quem a Natureza obriga a perpetuar a vida embora sem que saibamos verdadeiramente quando começou ou acaba…
Depois o meu sonho vai mais além e…
E vejo a tristeza de alguns, a indiferença de outros, o “não era mau tipo aqui ou ali”… que durará algum, muito pouco, do que cremos ser o nosso tempo.
E, quando o sonho continua vejo-me já muito para lá do meu fim.
E sinto-me a vaguear pelo universo perdido em biliões de unidades de espaço.
Já há muito me esqueci que havia tempo e mesmo antes de acordar vislumbro um pontinho minúsculo que nem percebi donde surgiu com que me identifico e apenas me desperta saudade.
Por fim iludo-me crendo que acordei mas continuo no mais íntimo do meu possível conhecimento a duvidar se não continuo apenas a sonhar.
E, acreditem-me, a doçura anterior vai-se diluindo, diluindo e volto a duvidar do que ainda sou ou fui…
neste minúsculo mundo.