Vai Andando Que Estou Chegando

Carlos Figueira
Carlos Figueira
Foi membro do Comité Central e da Comissão Politica do PCP até ao XVI Congresso. Expulso do Partido em Setembro de 2002, num processo que envolveu Edgar Correia e Carlos Brito. É membro da Refundação Comunista. Saiu do país clandestinamente em Agosto de 1964, foi aluno da Universidade Livre de Bruxelas em Ciências Políticas e Sociais e mais tarde no Instituto de Ciências Sociais e Políticas de Moscovo. Atualmente é consultor de empresas, escritor e cronista regular na imprensa regional e nacional.

Não há palavras que expressem a indignação sobre o massacre que Israel está operando na faixa de Gaza. A morte indiscriminada de civis e crianças, a montanha de escombros a que estão reduzidas cidades inteiras, perante a ameaça constante de novos e mais mortíferos ataques, numa pequena faixa de território completamente cercado, a quem está negado o acesso a água, electricidade, ajudas médicas, situações identificadas como crimes de guerra, operadas por um governo extremista ao qual pela sua prática não só em Gaza mas em toda a Cisjordânia, se poderia classificar como terrorista.

Desde a primeira hora critiquei a acção terrorista praticada pelo Hamas contra o povo de Israel. O terrorismo não é solução para resolver problemas de ordem política e de justiça. Tais acções matam por matar indiscriminadamente dando origem como é o caso a retaliações cujo efeito se transforma numa enorme calamidade de morte e destruição de vidas inocentes. É este o panorama sombrio em que nos encontramos.

As reações da comunidade internacional perante a chacina de palestinianos foram fracas, tardias e prenhas de hipocrisia. Ocultando o facto de se tratar de uma guerra que dura há décadas porque Israel se recusou a cumprir os acordos que consagravam a existência de dois Estados nos quais era reconhecido o direito dos palestinianos obterem um Estado livre e independente. Esta continua a ser a questão central que dá origem ao conflito e à mortandade indiscriminada por parte de Israel dada a diferença das forças militares em presença.

O que tivemos por parte da UE foi inicialmente uma posição claramente ao lado de Israel, mitigada agora perante a oposição de alguns dos países que a compõem para aumentar as verbas para apoios humanitários. Ninguém se atreve por que assim é imposto pelos EUA de terem publicamente uma clara posição de apoio às dezenas de resoluções da ONU para o reconhecimento da existência de um Estado, um País, no qual vivam em paz os palestinianos.

Fiquei indignado com a exibição de luzes no edifício da Assembleia da República com as cores de Israel. Quem decidiu e a que pretexto, mesmo simbolicamente o edifício não pode dessa maneira estar ao lado de uma das forças em conflito. Bem sei que não foi só o nosso edifício que representa um País livre e democrático. Mas porque assim é deveria distanciar-se das ordens do Pentágono. Aliás, no que me cabe de apreciação deste governo, creio que uma das pontas mais frágeis se encontra exactamente na sua política externa.

É neste quadro que me encontro completamente solidário com o texto hoje publicado no JP e assinado por várias figuras conhecidas no qual se reclama “que o caminho para a Paz passa pelo respeito dos direitos do povo palestiniano, com a criação do Estado da Palestina, livre e independente “.

carlosluisfigueira@sapo.pt
16.10.2023

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